A construção e operação de rodovias são fatores que contribuem para o processo de degradação de habitat natural de maneira crescente e disseminada. As perturbações aos ecossistemas estendem-se além das rodovias, gerando impactos através de modificações físicas, químicas e biológicas no meio ambiente. A remoção direta de espécimes da natureza em decorrência dos atropelamentos é um problema atual. Ele está diante dos olhos de todos os viajantes na forma de inúmeras carcaças expostas ao longo das rodovias que interligam os municípios gaúchos. Torna-se incontável o número de situações diárias como a ilustrada pela foto. No caso, um tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla), espécie ameaçada de extinção no RS, recentemente atropelado, busca fôlego no acostamento da BR-290, a apenas 10 km da praça de pedágio de Pântano Grande. Apesar da fratura nos ossos da face, há grande chance do animal conseguir sobreviver, visto que, excepcionalmente neste caso, órgãos vitais não foram atingidos. A irresponsabilidade de muitos motoristas deve ser avaliada. No entanto, a ausência de sinalização para familiarizar os usuários das rodovias com a fauna presente no seu entorno, bem como a falta de planejamento e monitoramento ambiental visando à instalação de redutores de velocidade, túneis de passagem e cercas guias nos locais onde é maior o número de acidentes são fatores responsáveis pela perda direta de espécies da fauna brasileira. Apesar da obrigatoriedade da execução de estudos e relatórios de impactos ambientais (EIA-RIMA) para a construção de novas rodovias, há a necessidade de observarmos com maior atenção as condições das estradas pré-existentes concedidas a empresas privadas ou as estradas administradas pelo governo, de forma a mitigar esses impactos.
Texto: Felipe Bortolotto Peters
Fonte: Zero Hora
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